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José Augusto Ribeiro da Fonseca ou José Fonseca nasceu em Juiz de Fora, em 18 de fevereiro de 1978. É formado em filosofia, especialista em filosofia moderna e contemporânea pela Universidade Federal de Juiz de Fora e mestre em educação pela Universidade Católica de Petrópolis. Lecionou em várias instituições de ensino. É professor de filosofia e pai da Mariana. Escreveu Estilhaços e Mariana & outros poemas. Participou dos livros: Bocas: coletânea, de Paulo de Tarso; A palavra conVida, de Anderson Fabiano e Helena Charello; Juiz de Fora ao luar V.2,3 e 4, de Maria Helena Sleutjes e Poesia na pandemia, de Arthur Laizo e texto no livro o olhar a(r)mado, de Guilherme Melich. Publicou no jornal PROPOE: prosa e poesia e nos blogs, Plástico Bolha e Desassuntos.Tem os poemas "aposentadoria" e "boxe" (faixas 3 e 4), musicados no disco Norte, de Carlos Resende e "sinal dos tempos" (faixa 7), do disco abrindo caminhos, de Clarice e Carlos Resende. Declamou poemas no Eco performances poéticas e em batalhas de Slam.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

NASCIMENTO

Turvas auroras, opacas manhãs, o ar seco estacionado no rosto fere a face cansada. As horas não passam no relógio invisível do tédio, as engrenagens do meu tempo continuam emperradas. Sem amor, o sol brilha inutilmente!

– Passo o dia a pino na estrada da solidão,
feito estátua grega jogada na tragédia da vida,
pedindo carona ao comboio do amor...

Uma caravana de lembranças desfila na minha frente, a palavra que não foi dita, o sutil gesto por fazer, os segredos que não foram entregues... o medo de amar é o que a vida menos suporta: só colhe rosas quem não tem medo de se machucar com os espinhos.

– A faca da solidão corta a noite ao meio,
uma metade amanhece, a outra fica dentro do peito.

Encontro mulheres perdidas, com medo de oferecer os seus tesouros, mulheres das horas escassas, dos momentos apressados, da conversa pronta, da alma não revelada, dos sonhos escondidos, dos desejos embargados. Poucos encontros e tantas despedidas. A nossa alegria não é somente de uma única madrugada.

– A descoberta do amor é a verdadeira forma de nascimento...
Mas o amor também é arame farpado: Cerca, fere e até enferruja!

Uma catedral de silêncio se instala na minha cabeça com os seus sinos surdos e seus altares de ídolos vazios, que me fazem pecar contra a vida. Calo-me na eternidade da noite, aflito, vago, incerto na insônia dos dias.

– Quero aprender a tatear o amor com olhos de criança e corpo de amante.

Busco novamente a sorte de ter uma mulher que desemperre o meu tempo, as coisas boas guardadas que eu tenho a dizer e os segredos que eu tenho para entregar.

– O amor é uma curva perigosa...
muda a direção, dá uma guinada,
lento ou veloz,
planta dentro do coração
da noite solitária,
múltiplos dias de sol.
Delicada tormenta,
tempestade e calmaria que
exila o vazio, cala o silêncio,
esquece a amargura, amansa a melancolia,
abraça o humor, amplia o sonho,
convoca a plenitude e autoriza a felicidade.
O amor desarruma a vida pra melhor.

(FONSECA, José Augusto Ribeiro da. In: Estilhaços. Juiz de Fora/Rio de Janeiro. FUNALFA/Ibis Libris. 2011. p.41)

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